Posso usar soro fisiológico para lavagem nasal, com seringa descartável ?
Posso usar em bebês ?
Então quer dizer que não preciso do Lôta, só uma seringa basta para adultos ?
Boa pergunta veja a resposta esclarecedora da Dra. Kelly Marques
Oliveira.
Formada pela Universidade de São Paulo (USP), Criadora e autora do blog Pediatria Descomplicada, onde escreve dicas e orientações aos pais sobre o universo da saúde infantil.
Pediatra, Alergista e Consultora Internacional de Amamentação (IBCLC) – CRM 145039
Consultório Espaço Médico Descomplicado
São Paulo: (11) 5579-9090/ whatsapp (11) 93014-0007
Sempre imaginei que fazer lavagem nasal com soro fisiológico fosse algo tão simples e sem
mistério que não precisaria de um post para explicar! Mas depois que postei um
vídeo de uma mãe realizando a lavagem nasal do seu filho e seguiram-se milhares
de dúvidas, achei que esse post seria de muita valia para vocês.
Para escrevê-lo, pedi a quem entende bem do assunto. A
Ligia Tedde é otorrinolaringologista e escreve um pouco pra gente sobre a
importância da lavagem nasal, sua eficácia, e como fazer de forma segura e sem
mistérios. Leia até o final, pois também dou dicas importantes.
“A irrigação nasal com solução salina isotônica (soro
fisiológico ou cloreto de sódio a 0,9%) é um procedimento sem contra-indicações,
ou limites de idade, barato e eficaz. Mas por que devemos realizá-lo? ( De acordo com a Dra. Dra. Kelly Marques Oliveira.)
A lavagem nasal é um procedimento descrito há mais de 5
mil anos na medicina tradicional indiana, a Ayurveda, em que teria efeitos
positivos tanto na função respiratória, levando a um maior bem estar físico e
mental. Ainda hoje, na medicina ocidental, é amplamente incentivada para auxílio
no tratamento de diversas doenças das vias respiratórias, mas que pode gerar
várias dúvidas na hora de colocá-la em prática!
Para entender sua importância é interessante que saibamos
um pouco mais sobre o funcionamento do nariz e dos seios da face (ou seios
paranasais).
O nariz e seios paranasais são extensas superfícies
recobertas de mucosa, determinada por saliências e reentrâncias no crânio e
ossos da face que são responsáveis pelo equilíbrio da temperatura e umidade do
ar inspirado, tem função olfatória e de “filtro” para o ar inspirado (por ação
de agentes imunológicos e enzimas presentes no muco nasal), além de atuar na
ressonância da voz. Tais processos são dinâmicos e variam de acordo com
mecanismos internos e em resposta à estímulos externos. Nesse tecido
respiratório, temos cílios microscópicos, que se movimentam de forma harmoniosa
para remover continuamente o muco para fora dos seios. Isto é chamado de
Cleareance mucociliar e se repete de 2 a 3 vezes por hora!
Para que essa atividade aconteça adequadamente, é
necessário que as condições sejam boas para o funcionamento dos cílios, como
temperatura adequada (normalmente entre 18 e 33°C), pH próximo a 7, por
exemplo. Toxinas específicas, como as produzidas por bactérias (que também
podem lesar o cílio diretamente) ou inaladas, assim como uma variedade de
viroses, causam redução do batimento ciliar. O movimento dos cílios
comprometidos e/ou acúmulo de secreções mais espessas que o normal, pode
predispor a instalação de processos infecciosos.
O soro fisiológico, em diversas formas de apresentação e
aplicação, é utilizado para o tratamento clínico das rinossinusites (incluindo
as rinites), pois seus benefícios incluem a limpeza do muco nasal, diminuição
da inflamação local ( pois reduz mediadores inflamatório como prostaglandinas,
leucotrienos e histamina), das secreções purulentas, restos de células e
crostas, além de melhorar o funcionamento do sistema mucociliar como um todo. É
o tratamento mais conservador e mais simples de todos! Em pesquisas realizadas
in vitro, observou-se que a solução salina isotônica levou a menor viscosidade
do muco nasal e melhora dos movimentos dos cílios, porém seu mecanismo ainda
não foi completamente elucidado.
Em 2005, a Academy Of Allergology and Clinical Imunology
e a European Rhinological Society não recomendavam o uso da lavagem nasal com
soluções salinas por não haver estudos suficientes na área, sendo a prática
considerada “potencialmente benéfica” (nível de evidência IIb). No entanto, em
uma revisão sistemática realizada pelo renomado grupo Cochrane em 2010,
utilizando estudos controlados e randomizados, demonstrou que pacientes que realizaram a lavagem nasal tiveram uma
menor tendência a usar antibióticos, tampouco observados eventos adversos
importantes “alguns pacientes apresentaram pequeno desconforto ou sangramento
nasal, que se relacionou mais à pressão aplicada, pela seringa que na solução salina em si”, (não é
o caso do uso do Lôta, que a água entra por gravidade, prof. Luis Figueiredo)
Em 2012, a EPOS- European Position Paper On
Rhinosinusitis And Nasal Polyps, principal guideline utilizado para prática
clínica no assunto, mostrou nível de recomendação A no tratamento das
rinossinusites (maior nível de recomendação).
Para a lavagem
nasal em bebês e crianças pequenas podemos nos deparar com várias dúvidas e
inseguranças. Para isso, podemos usar algumas dicas:
Usando seringa
plástica esterilizada descartável. ( Muito
cuidado com a introdução do bico na narina do bebê ! ) prof. Luis Figueiredo.
– Sinta-se
confortável para fazê-lo: você pode começar com pequenos volumes de soro
fisiológico e com pouca pressão! Depois que tiver mais confiança e que a
criança estiver mais habituada, aumente!
Se quiser, também pode-se usar uma pera para aspiração
nasal após colocar o soro.
– Prefira deixar a
posição sentada ou em pé: as crianças possuem a tuba auditiva (canal que liga o
nariz até a orelha média) mais curta e horizontal, que facilita com que haja
refluxo de líquidos para esta região, principalmente se a criança estiver
deitada.
– Escolha a forma
de aplicação mais adequada para você: nos estudos, não houve diferença entre a
aplicação com sprays ou duchas!
– Segurar a respiração ou falar “Ah!” por alguns
segundos: em crianças maiores e com maior compreensão, pode-se ensinar a
prender a respiração ou falar “Ah!” durante alguns segundos. Isto diminui o
desconforto do líquido ir para a garganta. Depois é só cuspir e/ou assoar o
nariz.” ( A dificuldade é em ensinar isso para o bebê! ) prof. Luis
Figueiredo.
Perguntas e respostas da.
Dra. Kelly Oliveira
.
Quantos ml posso colocar em cada narina?
Não existe uma quantidade fixa para isso, nem por idade.
Isso varia muito se a criança está mais secretiva, se tem algum processo
infeccioso associado, ou se é somente para limpeza nasal. Comece com pequenas
quantidades, como 0,5 a 1 ml em cada narina para os bebês, e depois repita
quantas vezes forem necessárias. Conforme você adquire segurança ao fazê-lo,
pode aumentar a quantidade se houver necessidade.
No vídeo, vemos que a mãe coloca uma quantidade de 5ml.
Qual a temperatura que o soro precisa estar?
O ideal é o soro estar em temperatura ambiente ou morno, nunca gelado. Dessa forma,
mesmo a secreção mais espessa consegue ser eliminada.
Qual a posição do
bebê quando fizer a lavagem?
O bebê ou criança deve estar sentado ou em pé, com a
cabeça levemente reclinada para frente.
A boca do bebê precisa ficar aberta ou fechada?
O ideal é que a boca do bebê esteja levemente aberta.
Para adulto, que conseguem deglutir o soro, é indiferente.
A secreção precisa sair pela outra narina?
Não, não precisa! A secreção pode sair ou não, a depender
da quantidade de soro colocada, a quantidade de secreção, e o jato. O mais
comum é sair um pouco de soro pela
própria narina, o soro sair pela boca ou a criança engolir o soro com a
secreção, e aí saí pelas fezes né…
O bebê pode engasgar? Pode dar otite? Perfurar o ouvido?
O catarro ir pro pulmão?
Quando feita de forma segura, com o bebê sentado, com a
cabeça reclinada para frente, o soro com a secreção sairá pela própria narina
ou será deglutido. O nariz, ouvido e garganta estão interligados, portanto a
secreção acumulada já está lá, se há um processo infeccioso. O soro irá
mobilizar essa secreção. A lavagem com soro não “causa” otite, muito menos
pneumonia, nem é capaz de perfurar o ouvido! O processo infeccioso instalado,
sim.
Preciso fazer todo dia?
O nariz está em constante contato com o meio externo. A
higiene nasal é interessante ser feita, mas não necessariamente todo dia, nem
precisa ser a seringa. Você pode usar sprays, jato contínuo, conta gotas. Se há
mais secreção, provavelmente precisará aumentar a frequência e o volume do soro.
Consideração importante!
Obviamente o procedimento deve ser feito da forma
correta. Se você tem medo de fazer, pergunte ao seu médico como deve fazer,
peça para demonstrar! De forma nenhuma a intenção é substituir uma consulta
médica, ok?
Comentário de usuária de soro fisiológico para limpeza
nasal.
Daniela Ferreira
01/06/2017 Faço isso há mais ou menos 1 ano em mim e no
meu filho, (uso soro fisiológico para lavar as narinas), mas fui numa otorrino pois estou com sinusite
crónica é a médica me disse que fazer isso é péssimo pois assim que você abre o soro ele já contaminou, comparou a
injeção, que quando aberta não pode ser
guardada para ser reutilizada depois.
Para o Dr. Jamal Azzam, otorrinolaringologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), o procedimento de injetar soro na narina do bebê, não está errado e pode, sim, ser realizado nos pequenos: “Não há problema em usar a técnica, porém, é preciso ficar atento ao tipo de seringa que será utilizada, para não ferir o interior do nariz da criança. As mais indicadas são as seringas de rosca, pois elas não têm ponta e, assim, evitam ferimentos”.
Embora esse tipo de limpeza das narinas seja permitido, o especialista lembra que dificilmente os baixinhos ficam tão quietos quanto a menina do vídeo, o que pode acabar complicando o momento da higiene. “Diante dessa dificuldade, o mais indicado é usar um spray de jato contínuo com soro fisiológico ou, então, um aspirador nasal após colocar o soro no nariz. Ele também eliminará o catarro da criança”, esclarece Azzam.
O otorrino ainda alerta os pais para terem cuidado com a intensidade da aplicação nas narinas, caso optem por fazer a lavagem com soro fisiológico direto da seringa: “Se o jato for muito forte, o catarro pode ir para o ouvido e, assim, acabar causando uma obstrução nessa área. Quando a criança é um pouco maior e já aceita com mais facilidade a prática, o ideal é mantê-la com o tórax reto e a cabeça abaixada, com o queixo no peito, pois dessa forma as chances do catarro e do soro irem para a garganta são menores – não que isso seja um problema, mas pode provocar engasgos desnecessários”.
Posso usar o Lota em crianças ? Claro que sim!
"Nós que fabricamos e recomendamos o Lota Higienizador Nasal, para crianças a partir de 8 anos e adultos, recomendamos o mais prático e simples água filtrada e sal comum" (Muitos nos perguntam qual nossa opinião sobre o uso de soro fisiológico no Lota para lavagem nasal, recomendamos desde que também seja aquecido ou seja morno como a água filtrada, o soro fisiológico depois de aberto tem que ser guardado em geladeira, no máximo por quinze dias, a água morna tem efeito vaso dilatador, já em bebês ou crianças pequenas injetar com seringa plástica soro fisiológico morno nas narinas e muito usado tem muitos vídeos a respeito na internet. Em adultos a pressão do jato pode causar sangramento por romper os vasos. Quando a água entra por gravidade pelo Lota, isso não acontece.) prof. Luis Figueiredo.
Ficamos agradecidos, que cada um faça sua análise.
Prof. Luis Figueiredo. – Quiropraxista – Terapeuta
Holístico.
CRT 22031
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