quinta-feira, 25 de julho de 2013

Tratado Geral da Burrice.


“Duas coisas são infinitas”:
O Universo e a burrice humana. “Mas a respeito do universo ainda tenho dúvidas” Albert Einstein.
Burrice pega? É contagiosa? Olhe as multidões. !
Um artigo publicado pela   Revista Planeta edição 432 set. 2008. 

Componente inseparável da natureza humana, a burrice é, a força mais perigosa do universo.
O que significa burrice? O conceito não tem uma definição teórica indiscutível.
Não é o oposto de inteligência: Há pessoas inteligentes que, vez por outra, fazem o papel de burras. Uma definição convincente foi dada pelo historiador e economista italiano Carlo Cipolla: “ Uma pessoa burra é aquela que causa algum dano a outra pessoa ou a grupo de pessoas sem obter nenhuma vantagem para si mesmo ou até se prejudicando.”
A burrice tem a particular vocação de se traduzir em ações, e por isso mesmo torna perigosa. Segundo Cipolla, que identificou cinco “leis fundamentais da burrice” até mesmo os mais inteligentes tendem a desvalorizar os riscos inerentes à burrice.
E ela é mais perigosa que a crueldade: Esta, tendo uma lógica compreensível, pode pelo menos ser prevista e enfrentada.
Para começar, pensamos naqueles que, em tempos da Aids, mantém relações sexuais sem proteção ou nos que não usam um antivírus no próprio computador, expondo a si mesmo e aos outros contagio de vírus reais ou virtuais.
A burrice sempre oferece cenas e personagens cômicos, como no conto de Anderson, “A
Imagem do conto "A roupa nova do imperador"
roupa nova do imperador” , no qual dois alfaiates convenceram o rei a vestir uma roupa maravilhosa invisível para as pessoas burras. Era uma farsa: ninguém queria admitir a própria burrice nem contradizer o rei! Afirmando não ver a roupa, (que de fato não existia).
Só um menino teve a coragem de dizer que o rei estava nu!
Revelando a trapaça. Mas, atenção: rir da burrice pode deixá-la “simpática” e, portanto desvalorizada.
Se na ficção o estúpido ou burro é facilmente reconhecido, na vida real as coisas são diferentes.

A burrice tem três características fundamentais:

1) Ela é inconsciente e recidiva: O burro não sabe que é burro e tende a repetir varias vezes o mesmo erro! .
Tais características contribuem para dar mais forças e eficácia à ação devastadora da burrice.
A pessoa estúpida não reconhece os próprios limites, fica fossilizada em suas convicções particulares e não sabe mudar. Por isso, como diz o psicólogo italiano Luigi Anolle, “ No âmbito clinico, a burrice á pior doença, por ser incurável.”
O estupido é levado a repetir os mesmos comportamentos porque não é capaz de entender o estrago que faz e, portanto, não consegue se corrigir.

2) A burrice é contagiosa!.
As multidões são muito mais estúpidas que as pessoas que as compõem.
Isso explica porque populações inteiras (como aconteceu na Alemanha nazista e na Itália fascista), podem ser facilmente condicionadas a perseguir objetivos insanos, um fenômeno bastante conhecido na psicologia.
“O contagio emotivo próprio do grupo diminui a capacidade de critica”.
Explica Anolle, “ percebe-se a polarização da tomada de decisão: Escolhe-se a solução mais simples,e na maioria das vezes é a menos inteligente”.

3) Além da coletividade, a um outro fator que amplifica a burrice: Estar em uma posição do comando ou de poder. “ O poder emburrece”
Afirmava o filosofo alemão Nietzsche. Por quê?
Quando estão no poder, as pessoas muitas vezes são induzidas a pensar que, justamente por ocuparem aquele posto, são melhores capazes, mais inteligentes, mais sabias que o resto da humanidade.
Alem disso, estão cercados de aduladores, puxa sacos, seguidores aproveitadores, que reforçam o tempo todo essa ilusão.
Dessa forma, que esta no poder, chega a cometer as mais graves barbaridades, com aprovação geral.

O poder seja ele político econômico, ou burocrático aumenta o potencial nocivo de uma pessoa burra.
Um exemplo extremo e dado no filme Dr. Fantástico, de Kubrick. Nele um grupo estúpido de grau máximo pensa em detonar uma bomba atômica, que levará ao fim do mundo, só para ver no que vai dar...
Napoleão atacou a Rússia em pleno inverno de 1812, o Exército francês, foi dizimado pelo frio e exaustão.
Em cada um de nós há um fator de burrice, que é sempre maior do que imaginamos.
Isto não é, necessariamente, um problema. Ao contrario, a estupidez tem uma função evolutiva: Serve para nos fazer agir precipitadamente, sem pensar muito, o que em certos casos, se revela mais útil do que não fazer nada.
A burrice nos permite errar, e na experiência do erro a sempre um progresso do conhecimento.
Assim, o ponto chave para anular a burrice esta em reconhecer os próprios erros e se corrigir. Como dizia o escritor francês Paul Valery: “ A um estúpido dentro de mim” devo tirar partido dos seus erros”.

Como? Um estudo da universidade na grã-bretanha, publicado no Journal of Cognitive Neuroscience, identificou uma área do cérebro no córtex temporal – que é ativada quando esta para se repetir um erro já cometido: Um sinal de alarme nos impede de repetir na mesma situação. Se na base da burrice uma anomalia, localizada, talvez um dia pudéssemos corrigi-la. Com uma cirurgia, desde que não caíssemos nas mãos de um cirurgião idiota!

Todos nós estamos prontos a admitir que somos um pouco loucos, mas burros! Jamais.
Fuçando na literatura cientifica, é possível descobrir que somos um pouco burros, cada qual de um jeito diferente, mas o cérebro funciona de forma a nos esconder essa realidade.
E mais: podemos descobrir que a apesar de tudo é melhor assim. As estatísticas indicam que 50% dos motoristas não sabem dirigir: Um tem dificuldade para estacionar outro, circula a 20 Km por hora, um terceiro ocupa duas faixas como se a rua fosse dele.
Mas quem não sabe dirigir não tem consciência disso, ou desistiria preferia o transporte publico, e aumentando, assim as próprias e as alheias possibilidades de sobrevivência.
Pesquisas mostram que 80% das pessoas internadas por acidentes de carro acreditam pertencer á elite dos motoristas, com habilidades superiores à média das pessoas.
E a responsabilidade dos acidentes?
A maioria atribui seus erros a falta de sorte, ou algum idiota que cruzou seu caminho!.
Assim é melhor nos contentarmos em admitir que nossas fraquezas são comuns o bastante para fazer parte da falibilidade humana, enquanto nosso ponto forte são raros e especiais.

Varias escolhas absurdas são feitas de maneira burra, sem uma avaliação dos prós e contras, dados e estatísticas reais. Casar-se por ex. é uma decisão que implica em vinculo para toda vida. Quem cruzando as portas da igreja ou do cartório tem a perfeita consciência de que segundo as estatísticas, o casamento tem 50% de chance de dar errado? No momento do sim, só sabem disso os pais dos noivos, os avós, os amigos, parentes e até mesmo o padre e o juiz! Os interessados diretos demonstram uma obstinação cega, perfeitamente convencidos de que sua opinião será uma exceção a todas as regras. E a capacidade de admitir nossos erros de avaliação?  Quase inexistente: estamos atados às nossas convicções como se elas fossem coletes salva-vidas.
O que pedimos ao mundo não são novos desafios à nossa ideologias políticas e sociais.
Preferimos amigos, livros e jornais que compartilham e confirmam nossos iluminados pontos de vista e valores. Mas cercando-nos de pessoas oportunistas, reduzimos a chance de que nossas opiniões sejam questionadas.
Também nos vários setores da pesquisa, a burrice se apresenta pontualmente: Os evolvidos tendem a considerar um estudo sério e conveniente quando os resultados coincidem com seu ponto de vista, ou julgam-no ultrapassado e cheios de defeitos quando vão de encontro de suas opiniões.
Esse fator explica por que muitas vezes é inútil tentar remover um obstinado de manter idéias claramente erradas.

Leis da burrice:
Segundo Carlo Cipolla.

1)  Todos nós subavaliamos o número de burros em circulação.

2)  A probabilidade de que uma pessoa seja burra independe de qualquer outra característica dela  ex. educação, ambiente, situação econômica..

3)  Burro é que causa um prejuízo aos outros sem tirar qualquer vantagem para si mesmo, ou até sofrendo algum prejuízo.

4)  As pessoas não – burras sempre subestimam o potencial nocivo dos burros. Em especial os não-burros sempre esquecem que, em qualquer momento ou lugar, trabalhar e ou associar-se a burros resulta infalivelmente em um erro caro.

5)   O burro é a pessoa mais perigosa que existe.

6)  Em cada um de nós existe um fator de burrice sempre maior do que imaginamos

7)  Quando a burrice de uma pessoa se junta à de outras o efeito cresce em proporções geométricas – pela multiplicação, e não pela adição dos fatores individuais de burrice.

8)  Combinar as inteligências de varias pessoas é mais difícil que juntar as burrices..

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